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Crônica #11: Prendimi l’anima
Postado por Estela T em 24/01/2018 Editado julho 4, 2023 at 2:53 pm

Esqueça a versão Hollywood do filme onde mostra a relação extra conjugal de Carl Gustav Jung com Sabina Spielrein e que joga um Freud no meio disso só pra dar mais IBOPE. Assistam a “Prendimi l’anima“, filme do diretor Roberto Faenza que ganhou a “tradução” bizarra para o português como “Jornada da Alma”

Bom…. devo dizer que, para quem não sabe, sou uma pequena cria do cinema, já que trabalhei com algo muito relacionado a isso e, querendo ou não, nunca permiti me limitar com filmes rasos (apesar de não ignorá-los por completo)

O filme possui no elenco os britânicos Emilia Fox como Sabina Spielrein e Ian Glen (o cara que participa do Game of Thrones com a moça dragão) como Carl Gustav Jung. A história gira em torno de Sabina Spielrein, uma das primeiras mulheres psiquiatras da história. Pois bem, na versão americana ela é mais uma mulher meio que qualquer. Nesta versão italiana, o filme mostra quem é ela, como conheceu Jung, como foi o envolvimento dos dois e o que ela fez depois.

O filme é de 2004 e havia uma locadora de filmes perto de casa que era realmente muito boa (gente… não existia Netflix e mesmo se existisse, nunca conseguiria assistir a este filme por lá porque não passou, não está passando e provavelmente não vai passar). Nesta locadora que eu frequentava assiduamente, um rapaz que trabalhava lá entendia muito de filme bom e sempre me indicava vários filmes conforme a percepção que ele havia adquirido sobre o meu gosto cinematográfico. Lógico que ele sempre acertava e me indicou Prendimi l’anima. E que filme!

Na época eu estava bem triste porque passei por algo meio parecido com os personagens do filme, de amar alguém, ser amada por este alguém, porém,  não poderia mais amar. MAS CALMA. Não se tratava de homem casado! Isso jamais!!!! Mas quem nunca amou alguém que não dava para ficar junto devido a tantos fatores? Você não? Sorte sua, porque dói. Passa. Mas dói. Dói tanto que a gente acha que nunca vai passar.

Depois que o filme acabou fui pesquisar mais sobre a Sabina Spielrein. Dizem que ela não foi meramente uma paciente amante de Jung, mas que também influenciou e muito os métodos e tratamentos do psiquiatra e depois ela graduou-se e foi membro da Sociedade de Psicanálise de Viena.

Como era russa, ela acabou voltando para o seu país em 1923 criando um jardim de infância em Moscou com foco no rápido amadurecimento crítico e analítico das crianças. O filme é fiel até nas cores do jardim da infância porque, dizem que, os móveis e as paredes eram brancas, tanto que o lugar tinha o apelido de ‘Berçário Branco’. Alguns ainda dizem que Stalin matriculou seu filho Vassili com um nome falso, mas não há provas disso. O berçário funcionou por 3 anos até ser fechado pelas autoridades soviéticas, sob a alegação de que o local incentivava práticas consideradas pervertidas para crianças… bom, não sei bem o que eles classificavam como pervertido na época, mas acredito que quase tudo!

Sabina além de russa, era judia e morreu assassinada juntamente com suas duas filhas em 1942 por soldados nazistas em Rostov do Don.

 

O filme termina com esta música folclórica judaico-russa da Europa Oriental lindamente cantada. Eu me arrepio quando a escuto!

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