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CRÔNICA DE VIAGEM #02 : Turquia, eu te amei
Postado por Estela T em 01/12/2016 Editado março 10, 2019 at 5:36 pm
Estela no Harém de Topkapi, Istanbul, Turquia, Maio de 2012

Estela no Harém de Topkapi, Istanbul, Turquia, Maio de 2012

"Depois que sobrevivi a 15 horas de vôo, batendo o meu recorde e quase com o olho estourado devido a pressão da cabine aérea, pousei em Istambul. Como havíamos fechado um pacote turístico, confortavelmente entramos na van da empresa que estava nos esperando no aeroporto direto ao hotel. (Quase) Sempre optei por hotéis estrategicamente localizados e esta primeira hospedagem na Turquia deveria ser perto de tudo!

Nos arredores do hotel, quase chegando lá,  fiquei preocupada.... 'Mas aqui está parecendo o centro de São Paulo!'. Foi o que pensei... comércio caótico, pessoas pra lá e pra cá, ambulantes, comida de rua, trânsito. Como assim? Confesso que fiquei apreensiva porque viajante sem experiência acaba aumentando a expectativa exageradamente e esquece que o lado 'roots' da coisa existe. Bem como a chuva! Esquecemos completamente que ela existe e que pode te acompanhar numa viagem.

A ideia de viajar em Maio surgiu porque eu queria ver as tulipas em flor e a todo vapor. (para quem não sabe, as tulipas são originárias da Turquia). Não vi nenhuma! A Primavera naquele ano atrasou (indício claro de caos ambiental a nível mundial). Chegamos no hotel e já fomos bater perna nas redondezas e com chuva na cabeça. Mal conseguíamos ir muito longe, com medo de nos perdermos do hotel porque, no primeiro momento, tudo parecia caótico. Estávamos a alguns passos de uma das entradas do Grand Bazaar e mesmo assim não o encontramos!

Aos poucos fomos entendendo que perguntar aos nativos ou turistas não era uma má ideia. Continuamos a andar um pouquinho, mas não tínhamos muito tempo para explorar a cidade e, além disso, estávamos mega cansadas e no dia seguinte teríamos que acordar super cedo para seguir a 'excursão'. 

No dia seguinte, o ônibus nos buscou e aos poucos outros passageiros foram entrando e assim fomos conhecendo-os. Todos uma graça, com doses extras de 'simancol' na bagagem e educados. A maioria tinha mais de 40 anos, sendo a grande parte composta por pessoas pra lá dos 50-65 anos. Todos brasileiros.

Fomos até Gallipoli para atravessamos o canal com o ferryboat. Paramos para almoçar e fiquei muito preocupada em relação à comida. Nos serviram um peixe destroçado, bem meia boca que não me sustentou em nada. Além disso, com fome, no ferryboat um turco vendedor de perfumes falsificados ficava me pedindo em casamento. Ai ai ai... só comigo mesmo... Mas com educação, recusei, lógico!

Como fiquei com receio de não conseguir comer quase nada durante a viagem, quando o ônibus fez uma parada técnica no meio da estrada, entrei numa lojinha e comprei um monte de besteiras para beliscar. Parecia a adolescente em pessoa naquela hora.

Ter contratado um pacote turístico foi super desvantajoso por conta de alguns detalhes que fui absorvendo durante a viagem. Por exemplo: depois de visitarmos a cidade de Tróia (que não é tão interessante assim), conhecemos o sítio arqueológico Asclepio que é super grande mas nos deixaram com pouquíssimo tempo para conhecê-lo. Eu queria ter explorado mais este local e além disso, eu havia lembrado que Asclepio não fazia parte do pacote, mas sim Pérgamo. Fiquei super chateada com a troca sem aviso prévio, porque a minha intenção de ir a Pérgamo era ver o teatro grego de lá, porque eu sabia que os outros sítios arqueológicos que eu visitaria na viagem eram teatros romanos. A pressa de passar nos locais combinados da agência de turismo é a parte mais chata.

Por outro lado a vantagem é o conforto. Eles carregam as suas malas. Descarregam as suas malas. Dirigem por horas e horas aos locais e você dorme o trajeto inteiro. Surge uma curiosidade no caminho que passaria despercebido por você (que não é nativo do lugar) e esta curiosidade é anunciada em alto e bom som para o ônibus inteiro ouvir. São simpáticos, cuidam de você, te alertam, enfim... Não é tão ruim assim.

Um momento inesquecível foi acordar no meio do trajeto do ônibus e me deparar com o Mar Egeu bem ao meu lado. Um frio na espinha desceu e os pelinhos dos braços ficaram arrepiados! Que imagem maravilhosa! O ônibus estava numa estrada bem rente ao Mar Egeu, estava nublado e tanto o mar quanto céu tinham a mesma cor. Era como se fossem uma coisa só!

Amei conhecer a Turquia. Atingiu minhas expectativas! Uma coisa que eu percebi é que os turcos não são muito acostumados com asiáticos e eu, descendente de japoneses, não passei despercebida. Sempre aparecia um homem me pedindo em casamento, oferecendo presentes e tudo. As crianças ficavam encantadas (e não é por menos né rsrsrs). No meio da viagem, houve uma parada técnica onde almoçamos e depois me sentei do lado de fora para me esquentar no sol. Olhei pro lado e vi um monte de crianças de uns 8 a 10 anos enlouquecidas vindo em minha direção. Elas queriam tirar uma foto comigo. Ok... deixei elas tirarem uma foto, mas logo depois já entrei no ônibus porque, como uma estrela de Hollywood que eu parecia ser, deveria me preservar. Algumas crianças até queriam entrar no ônibus, mas o motorista as expulsou! Foi hilariante! Minha amiga ria sem parar! Eu fiquei surpresa com a atitude das crianças!

Outro ponto alto da viagem foi ter conhecido Éfeso. Estava muito ansiosa para conhecer e ao chegar lá aquela sensação de dèja vu foi muito forte. Andava como se conhecesse bem aquele lugar! Tudo me pareceu muito familiar! É um daqueles lugares mágicos no mundo e eu super recomendo a todos que me perguntam sobre a Turquia. Bem como a Capadócia e Istanbul.

Os trajetos de um ponto a outro são longos e aos poucos fui conhecendo a cultura turca. Fiquei chocada ao ver uma loja fechada com produtos na rua e que ninguém os roubava! Isso foi na Capadócia. Experimentamos um vinho desta região, mas eu achei horrível! A comida foi melhorando ao longo da viagem, mas sempre com os espetinhos de carne ou frango e as famosas mezes (que eu amo) no menu.

Depois que saímos de Ankara de avião e aterrissarmos em Istanbul novamente, batemos perna mais seguras dos costumes e conhecendo mais o povo turco, e, desta forma, não hesitamos em nos arriscar a meter as caras em (quase) todos os cantos de Istanbul! E lógico, partimos para as compras. Arrastei toneladas de pashiminas pelas ruas de Istambul. Valeu a pena!

Os dias que se seguiram em Istanbul proporcionaram a mim uma afeição ao país sem igual (até então). Tudo correu sem acidentes e incidentes, sem brigas ou apuros. Tudo fluía numa energia muito boa e aproveitamos tudo o que deu, exceto quando ficávamos travadas com os tamanhos das filas gigantescas formadas pelos turistas. Partimos para as compras e ajeitamos tudo nas malas pesadas em meio a presentinhos que ganhamos ao longo do interior da Turquia.

O dia da partida de Istanbul foi melancólico, com aquela dor de deixar aquele país mágico para trás. Eu até chorei um pouquinho no avião porque não queria ir embora. Mas logo eu estava em Paris pela primeira vez e toda a tristeza de ter partido da Turquia foi embora como mágica!"

 

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